sexta-feira, 13 de abril de 2012

A chuva/o sol/a seca castiga...

Confesso: deve ser insuportável assistir telejornal comigo ou estar perto de mim lendo um jornal ou uma revista. Atuo como uma ombudsman informal de todas as mídias. É chato. O Marido não aguenta. Mas eu não consigo parar de fazer!

Minha primeira implicância é antiga: é a tal frase batida "as chuvas que castigam o Sul", "a seca que castiga o Nordeste". Castiga? O que o Sul ou o Nordeste fizeram para merecer algum castigo? Porque é assim desde que a gente é criança - se faz um negócio errado, fica de castigo (cartigo, para alguns, rsrsrs). E então? Qual o motivo do castigo? Rigorosamente nenhum. É o poder do clichê: se usa tanto que ninguém mais pensa no significado da palavra ou expressão.

Se um dia eu for dona de algum veículo de comunicação, editora-chefe ou coisa assemelhada, será terminantemente proibido falar esse tipo de coisa! Imagina a pessoa que passou ou está passando por todo esse drama. Ela ouve que a cidade é castigada. Que culpa!

Outros problemas são os apresentadores-palhacitos. Sabe aqueles que adoram fazer uma gracinha ou uma piadinha? Detesto! Não que o jornalismo tenha que ser sisudo, mas tem passado tanto da medida. Acho que é reflexo da busca pela classe C. O povo da TV acha que falar para pobre é é descer o nível, se não ninguém entende. Tipo dizer que ter muitos casos de dengue é "ter casos pra chuchu".

É como diz meu amigo Viola: do jeito que vai, a realidade é que o JOrnalismo foi comprar cigarro e não voltou...

terça-feira, 10 de abril de 2012

Tirando as teias em grande estilo: metafísica

Descobri, há mais de um mês, um blog sensacional, de um amigo de uma amiga: o Conta Uma, do Angelo Morse. Ele consegue postar quase diariamente histórias que aconteceram com ele. É um exímio contador de histórias, porque ex-namorada, cunhada, banheiro, trabalho, tudo MESMO rende histórias engraçadíssimas! Viciei e recomendo.

Daí pensei: tenho que colocar umas histórias no blog também! Mas advirto que não será como as do Angelo, e sim pensamentos malucos com os quais eu atazano a vida do Marido.

O primeiro destes pensamentos tem relação direta com o câncer que tive e seu tratamento.

Passei por uma cirurgia de quatro horas, que retirou um tumor de 2cm e um terço do pulmão direito. Fiquei cinco dias no CTI, um mês inteiro de cama, cansando de levantar para ir ao banheiro, sem poder gargalhar, espirrar e falar normalmente. Mas o que me deixou louca demais foi a forma como as quatro horas no centro cirúrgico se passaram. Fechei os olhos quando o dr. Ricardo (anestesista) preparava meu punho para abrir e colocar uma monitoração, lavando o braço com um líquido que parecia álcool 70º. De repente, a dra. Viviane (assistente do Ricardo) me diz: "Laís, vamos levar você para o quarto".

Para tudo!!! Eu pisquei e passaram quatro horas! Quatro horas em que me entubaram, abriram minhas costas, cortaram meu pulmão, me fizeram uma transfusão de sangue, me costuraram e eu não senti passar. Desde que a anestesia passou e eu voltei a pensar, não paro de tentar entender isso. Não é o mesmo apagão de dormir profundo - por mais que você não lembre de nenhum sonho, quando acorda no meio da noite tem ideia que passou algum tempo. Nesse apagão não: foi literalmente um piscar de olhos!

O que aconteceu nesse período? Se temos uma alma que é ligada ao corpo, mas também independente dele em certa medida, onde ela esteve nessas horas de não-existência (obrigada, Marcela Prior!)? Isso é uma prova que a alma não existe, só a consciência? Se sim, qual a diferença entre esse apagar e a morte? De certa maneira morri por quatro horas? Se eu tivesse morrido, não iria nem sentir?

Para uma pessoa que, como eu, já teve uma experiência fora do corpo - uma hora dessas conto -, a coisa ainda complica um pouco. Há um paralelo entre esses dois eventos: um, apontava para uma alma que sai do copo e te permite ver uma situação; o outro, mostra um "buraco negro" de consciência... Confesso que estou pirando! Esse pensamento não me consome, mas eu penso nisso constantemente. Alguém tem algo a me dizer? Discussões abertas!